CADERNO DE APOIO - PORTUGUÊS

No caderno de apoio:

"Essa diversidade releva sobretudo de dois fatores: as diferenças de meio sociocultural e a frequência prévia, ou não, da educação pré-escolar. No início do 1.° ano de escolaridade, os professores devem verificar com o maior cuidado o nível de todos os seus alunos a fim de dedicarem uma atenção especial, concretizada em atividades compensatórias, às crianças que apresentem atrasos em aquisições naqueles domínios."


"Idealmente, na educação pré-escolar, sobretudo no decurso do seu último ano, a criança já teve ocasião de desenvolver a linguagem de evocação, que permite a referência a agentes e a acontecimentos não presentes no espaço ou no tempo, de frequentar a arquitetura textual, as construções sintáticas e o vocabulário típicos dos livros infantis ilustrados, de contos e de textos informativos, assim como de se familiarizar com a maneira como a escrita representa a oralidade, da frase até à letra."


"...já encetada na escola infantil, se torne uma atividade regular, para a qual o professor deverá reservar semanalmente, pelo menos, uma hora. A cada aluno deverá ser dada a ocasião de fazer exposições orais programadas,"


"durante o 1.° ano, o trabalho da compreensão deverá ter por objecto, em grande parte (quase exclusivamente nos primeiros meses), a compreensão oral, mas uma compreensão que, não sendo ainda de leitura, tenha textos lidos pelo professor como estímulo de origem."


"São de facto importantes as interdependências observadas no desenvolvimento da linguagem oral, da literacia e da matemática. Assim, desde a pré-escola, o vocabulário e o conhecimento da escrita num ano predizem o desempenho em cálculo no ano seguinte. Reciprocamente, as crianças que na pré-escola recebem uma formação na resolução de problemas matemáticos, que inclui a formulação de explicações verbais, são, depois, mais capazes de recordar uma história e de recontá-la com frases complexas. Na base dos progressos associados em literacia e em matemática estão, sem dúvida, capacidades cognitivas de raciocínio abstrato. As crianças a quem se ensinam princípios abstratos como a seriação e a conservação do número em conjuntos de objetos, de maneira explícita e progressiva, beneficiam desta aprendizagem quando são confrontadas depois com atividades de literacia, como a identificação e a pronúncia de letras e grupos de letras, ou com atividades de numeracia, como a identificação de números ou a contagem. O ensino do pensamento abstrato cria condições para uma compreensão rápida das discriminações e correspondências..."




 "A expressão "aprendizagem da leitura e da escrita" exige especificação. No nosso país, as crianças aprendem a ler num sistema alfabético de escrita, mais precisamente o alfabeto latino, segundo um código ortográfico particular que é o do Português Europeu..."

"No leitor competente, o mecanismo que processa as palavras escritas não se limita a analisar a sequência das letras e a extrair os grafemas; ele ativa representações mentais de unidades maiores como a sílaba, componentes da sílaba como os ataques complexos ou ramificados (bl-
, pr-,...) e as rimas (-ar, -ol,...) e outras unidades ortográficas frequentes que correspondem, de maneira invariável, a uma certa representação fonológica (sub-, -ação, -mente,...) e em muitos casos asseguram uma função morfológica. A função de todas essas operações é tornar disponível a informação suficiente..."

"Logo de início, a criança tem de compreender o princípio alfabético de escrita – isto é, que as letras representam aproximadamente fonemas – e para isso tem de ter consciência de que a linguagem falada pode ser descrita como uma sequência de fonemas, unidades 6 fonológicas que correspondem a certos padrões articulatórios..."

"Diz-se habitualmente que as letras representam sons. Isto é errado, e os professores devem sabê-lo. As letras têm nome (por exemplo o nome da letra B é "
") e um valor fonológico associado (o valor fonológico da letra B pode escrever-se "be", ou, no Alfabeto Fonético, /b /, mas, se elas representassem sons ou mesmo valores fonológicos, a leitura de "ba" daria bea (/b a/) e não ba (/ba/). Quando se pronuncia o segmento fónico correspondente ao valor fonológico da letra B/b pronuncia-se uma sílaba, e quando se combinam segmentos fónicos combinam-se sílabas. O fonema não é, obviamente, uma sílaba, não é um som nem um segmento fónico; é uma unidade abstrata, subjacente aos sons da fala, uma unidade mental que os humanos utilizam quando produzem e percebem a fala."

"Obviamente, o aluno não descobre por si mesmo as regras de correspondência grafema-fonema. Este processo requer um ensino explícito, sistemático e ordenado por parte do professor..." 

Sem comentários:

Enviar um comentário